terça-feira, 21 de abril de 2009

BRIGADU

Juscelino Kubitschek, um dos mais mineiros dos mineiros, interessado em cada vez se fazer mais próximo do seu eleitorado, encarregou o odontólogo Silvio Carneiro e a professora Dorália Galesso de pesquisarem a origem da expressão UAI. Depois de exaustiva busca nos anais das Arquidioceses de Diamantina e Mariana e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, encontraram uma explicação plausível, provavelmente correta:


Os Inconfidentes Mineiros, considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria nas portas dos esconderijos. Lá de dentro, perguntavam: “quem é?”, e os de fora respondiam: “UAI” - as iniciais de União, Amor e Independência. Só mediante o uso dessa senha a porta era aberta aos visitantes. Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou incorporada ao vocabulário das gentes das Alterosas. E não há mineiro que consiga se expressar sem esta simpática palavrinha!

Se algum dia qualquer um de nós resolver escrever, ou permitir que se escreva, a história de sua vida, nela certamente haverá pelo menos um capítulo dedicado à Pulgatório. A República não foi apenas um lugar bacana em que moramos durante um período legal, foi muito mais do que isto: foi o ambiente em que nos forjamos como pessoas para a vida. Foi um local onde cada um de nós absorveu e gerou cultura de vida – o modo pulgatoriano de viver. Cada um de nós, ao entrar para a irmandade pulgatoriana, recebeu uma herança de gerações passadas e teve que trabalhá-la para a geração futura, num processo natural de aprimoramento desta singular espécie de pulga. É o que podemos rotular de DNA pulgatoriano.

Este livro, escrito de forma coletiva e despretensiosa, tentou contar um pouco da história desse DNA. São casos verídicos, relatados por seus próprios protagonistas ou suas testemunhas, mostrando os ingredientes que entraram na composição da espécie. São histórias de pessoas que moraram na Pulgatório ou que tiveram algum tipo de relacionamento mais duradouro ou intenso com a casa. Pessoas que contribuíram para a formação do DNA pulgatoriano de alguma forma, com suas atitudes ou por meio de sua influência sobre nós.

Na condição de organizadores deste trabalho, prestamos aqui a nossa homenagem a todos aqueles que tornaram esta obra possível, seja dedicando um pouco de seus tempos para colocar no papel uma parte de suas lembranças, seja por terem feito em algum momento algo que merecesse ser lembrado. Gostaríamos de agradecer primeiramente aos que nos antecederam, pela herança de lição de vida que nos deixaram, mas também aos que nos sucederam, pelo empenho que tiveram em aprimorar esta herança.

E como bons mineiros que somos, nascidos em Minas ou não, parte relevante do nosso caráter foi forjado aqui. O que nos permite traduzir tudo isto numa frase típica da terrinha:

UAI, A PULGATÓRIO É UM TREM BÃO DIMAIS, SÔ!

Os editores

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