sábado, 30 de outubro de 2010

FESTA DO DOZE DE 2010

terça-feira, 21 de abril de 2009








Pulgatório,
40 anos de história



Editores responsáveis
José Cesar Caiafa Junior – Caiafa
José Cláuver de Aguiar Junior – Caruncho



2009
Primeira edição


Copyright © 2009 by Pulgatório


Capa
José Cláuver de Aguiar Junior


Seleção, introdução e prefácio
José Cesar Caiafa Junior
José Cláuver de Aguiar Junior


Revisão
José Cesar Caiafa Junior
José Cláuver de Aguiar Junior


Diagramação
José Cláuver de Aguiar Junior









"Nada é para sempre, mas há momentos que
parecem ficar suspensos, pairando sobre o
fluir inexorável do tempo."

José Saramago

INTRODUÇÃO

A Pulgatório, a nossa casa, faz 40 anos. Ao longo deste tempo, nossas vidas impregnaram cada parede, cada móvel e o próprio ar deste lugar com nossa alegria, nossa juventude, nossos dramas, nosso companheirismo e nossas festas. Difícil vislumbrar maneira melhor de romper o casulo da inocência do que viver em Ouro Preto como estudante. E mais difícil ainda é imaginar que esta travessia para a vida adulta possa ser feita em lugar melhor do que a República Pulgatório.

Não importa a data em que tivemos que deixá-la para seguir pela vida. A cada vez que retornamos, somos envolvidos pela juventude de nossos vinte, trinta, quarenta, cinquenta ou sessenta e tantos anos! E caímos na folia. Vivendo como antes por algumas horas, embalados pelo prazer de fazer parte de uma história que faz desta casa muito mais do que um abrigo para universitários: Um templo da amizade. As inúmeras diferenças entre cada um de nós perdem toda a importância frente aquilo que nos une: o orgulho de ser pulgatoriano, o carinho pela república, a saudade dos tempos em que viver era festejar, intermediado por alguns momentos de estudo, de vez em quando.

E vivendo sob o signo da leveza e da irresponsabilidade, construímos aqui um pedaço de nossas existências. Quase cento e cinquenta pessoas tiveram a ventura de passar alguns anos de suas vidas sob este teto. Todos com vigor, tempo, inconsequência, criatividade e disposição para rir da vida e transformar o cotidiano numa experiência divertida. Alguns, já mortos, permanecem em nossas memórias e nossos corações. Zé Flávio, Fininho (o primeiro), Abel, Xaxim, Risadinha, Francês e Dadó tiveram vida breve, mas tiveram a Pulgatório.

Desta turma toda, história para contar é o que não falta. E aqui está uma amostra, ínfima, destes quarenta anos. Lembrá-los é revivê-los. O que sempre fazemos a cada “bonde” na cozinha, a cada 12 de outubro, em cada roda de amigos nas incontáveis, memoráveis e insuperáveis festas da Pulgatório; ou simplesmente no encontro fortuito com outro pulga, em Ouro Preto ou em qualquer lugar do mundo. Mas, agora, temos um pedaço desta história eternizado em papel.

Que a leitura deste livro seja uma festa interior para cada um. Reconhecendo as aventuras, as habilidades, os delírios e as presepadas de si mesmo, de seus contemporâneos, dos amigos da república e de todos que vieram antes e depois de seu tempo na Pulgatório, esperamos que você chegue à última página satisfeito como o poeta que olhou para trás e gritou: “Confesso que vivi!”

Os editores

BRIGADU

Juscelino Kubitschek, um dos mais mineiros dos mineiros, interessado em cada vez se fazer mais próximo do seu eleitorado, encarregou o odontólogo Silvio Carneiro e a professora Dorália Galesso de pesquisarem a origem da expressão UAI. Depois de exaustiva busca nos anais das Arquidioceses de Diamantina e Mariana e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, encontraram uma explicação plausível, provavelmente correta:


Os Inconfidentes Mineiros, considerados subversivos pela Coroa Portuguesa, comunicavam-se através de senhas para se protegerem da polícia lusitana. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria nas portas dos esconderijos. Lá de dentro, perguntavam: “quem é?”, e os de fora respondiam: “UAI” - as iniciais de União, Amor e Independência. Só mediante o uso dessa senha a porta era aberta aos visitantes. Conjurada a revolta, sobrou a senha, que acabou incorporada ao vocabulário das gentes das Alterosas. E não há mineiro que consiga se expressar sem esta simpática palavrinha!

Se algum dia qualquer um de nós resolver escrever, ou permitir que se escreva, a história de sua vida, nela certamente haverá pelo menos um capítulo dedicado à Pulgatório. A República não foi apenas um lugar bacana em que moramos durante um período legal, foi muito mais do que isto: foi o ambiente em que nos forjamos como pessoas para a vida. Foi um local onde cada um de nós absorveu e gerou cultura de vida – o modo pulgatoriano de viver. Cada um de nós, ao entrar para a irmandade pulgatoriana, recebeu uma herança de gerações passadas e teve que trabalhá-la para a geração futura, num processo natural de aprimoramento desta singular espécie de pulga. É o que podemos rotular de DNA pulgatoriano.

Este livro, escrito de forma coletiva e despretensiosa, tentou contar um pouco da história desse DNA. São casos verídicos, relatados por seus próprios protagonistas ou suas testemunhas, mostrando os ingredientes que entraram na composição da espécie. São histórias de pessoas que moraram na Pulgatório ou que tiveram algum tipo de relacionamento mais duradouro ou intenso com a casa. Pessoas que contribuíram para a formação do DNA pulgatoriano de alguma forma, com suas atitudes ou por meio de sua influência sobre nós.

Na condição de organizadores deste trabalho, prestamos aqui a nossa homenagem a todos aqueles que tornaram esta obra possível, seja dedicando um pouco de seus tempos para colocar no papel uma parte de suas lembranças, seja por terem feito em algum momento algo que merecesse ser lembrado. Gostaríamos de agradecer primeiramente aos que nos antecederam, pela herança de lição de vida que nos deixaram, mas também aos que nos sucederam, pelo empenho que tiveram em aprimorar esta herança.

E como bons mineiros que somos, nascidos em Minas ou não, parte relevante do nosso caráter foi forjado aqui. O que nos permite traduzir tudo isto numa frase típica da terrinha:

UAI, A PULGATÓRIO É UM TREM BÃO DIMAIS, SÔ!

Os editores

PRE-FÁCIL

Tudo o que você precisa saber, antes de ler estas histórias Neste almanaque resolvemos registrar os causos mais significativos que marcaram uma das fases mais importantes das nossas vidas. São situações às vezes hilárias, às vezes escabrosas e às vezes até mesmo comuns, porém vistas através de uma ótica muito particular: o modo pulgatoriano de ver e compreender o mundo. Porém, quando resolvemos realizar esta coletânea de causos, fomos vitimados por alguns problemas.

Em primeiro lugar, embora tenhamos convivido com as mais diferentes gerações pulgatorianas, não somos conhecedores de todos os casos que seriam dignos de constar nesta obra. Por isto resolvemos apelar aos nossos companheiros para que nos enviassem, ainda que de forma sintética, os casos que conhecessem, para que fossem desenvolvidos e pudessem fazer parte desta primeira edição. Então, se aquele caso de que você participou ou teve algum conhecimento não for encontrado nesta edição, considere as seguintes hipóteses:
· Nós não tínhamos conhecimento do caso.
· Nós continuamos não tendo conhecimento do caso, porque nem você nem nenhum outro que conhecia o caso nos enviou qualquer relato sobre ele. Se você nos enviar um breve relato do caso, pode ser que você o encontre na próxima edição comemorativa dos cinqüenta anos.
· Você nos enviou o relato do caso, mas como o tempo era limitado e era preciso definir prioridades, ele ficou na fila para a próxima edição.
· Você nos enviou o relato do caso, mas nós o achamos fraco demais para constar de obra tão importante.
Em segundo lugar, para evitarmos constrangimentos desnecessários e não deixarmos de relatar alguns casos mais pitorescos, resolvemos proteger a identidade dos protagonistas em alguns casos, trocando seus verdadeiros nomes. Por conta desta nova licença poética que inauguramos nesta obra, você deve considerar as seguintes hipóteses:
· Se aquele caso do qual você foi a figura mais importante está sendo atribuído a outra pessoa, é porque ou nós não sabíamos que era você, ou sabíamos e queríamos protegê-lo, ou sabíamos e queríamos sacaneá-lo.
· Se aquele caso em que aparece o seu nome não tem nada a ver com você, é porque nós achamos que deveria ter acontecido com você, ou resolvemos sacaneá-lo, imputando-lhe a culpa, ou beneficiá-lo atribuindo-lhe a autoria.
· Se aquele caso do qual você tomou parte aparecer com o seu nome em destaque, é porque provavelmente você tem culpa pelas conseqüências e nós não quisemos sacanear nenhum outro para livrar a sua cara.

De qualquer forma, dadas estas explicações, sempre será possível dizer que você não é você, ou outro é você, conforme seja o seu interesse em receber ou não os respectivos créditos. Assim como somos absolutamente livres para escrevermos o que achamos mais interessante, você também pode se considerar livre para assumir o que lhe for mais adequado.

Agora você já pode ler o restante do almanaque.

Os editores